“Estamos vivendo até hoje os efeitos do golpe de 64, que era desejado pela elite mais feroz, ignorante e vulgar do mundo, que é a brasileira. Ela é a responsável, e os militares executaram esse projeto. Aliás, o golpe é um divisor de água. Depois do golpe
O famoso orador romano Marco Túlio Cícero ensinou que uma boa história precisa responder as perguntas “quem?” (quis/persona), “o quê?” (quid/factum), “onde?” (ubi/locus), “como?” (quem admodum/modus), “quando?” (quando/tempus), “com que meios ou instrumentos?” (quibus adminiculis/facultas) e “por quê?” (cur/causa). Isso posto, quero diz que o editorial golpista do jornal Folha de S. Paulo não é algo sem maiores conseqüências. Não é mais um mero episódio dos devotos daquilo que o cineasta Billy Wilder chamou de “Big Carnival” (Grande Carnaval) — filme que no Brasil recebeu o nome de “A Montanha dos Sete Abutres” e que retrata o caso de um repórter especialista na arte da trapaça.
A “ditabranda” pode ser definida como a síntese da índole golpista da chamada “grande imprensa”, da qual a Folha é um dos veículos mais salientes. Desde 2002, sintomaticamente o jornal define a sua pauta pelas previsões tétricas. Não procede, portanto, a análise de Igor Ribeiro, editor-executivo da revista Imprensa — em um excelente texto, registre-se —, de que o jornal, após defender o golpe de 1964 e sofrer duras conseqüências dessa posição — desde ataques de grupos de esquerda até a censura rígida durante os anos de chumbo —, procurou se redimir apoiando incisivamente o movimento das “Diretas Já!”.
“Acertadas as contas com a sociedade, o Grupo Folha se notabilizou pelo projeto inspirado no jornalismo estadunidense moderno que, por um lado, ditava uma rigorosa assepsia ideológica e forte comprometimento democrático e, por outro, deixava o jornal à mercê do liberalismo econômico e das leis de mercado”, escreve ele. “O passado nem sempre glorioso ficou na história e, dentro da nova realidade, o jornal deu voz à pluralidade e ao bom senso. O debate democrático ganhou corpo com a participação recorrente de personalidades dos mais variados matizes ideológicos, fosse enquanto pauta, fosse enquanto colaborador”, afirma.
Jornalismo rarefeito
Diz o axioma que dois erros nunca se anulam. Aliás, geralmente somam-se para dar um resultado ainda pior. A “ditabranda” não está dissociada da denunciamania golpista recente, quando não faltaram teorias sem fatos — matéria-prima indispensável a qualquer acusação que se preze —, no particular palco da mídia, onde uma combinação quase macabra entre interesses de certas corrente político-ideológicas e dos grupos que controlam a circulação de informações com mão de ferro gosta de encenar seus atos.
Esse jornalismo rarefeito, de baixa intensidade moral, é bem conhecido no Brasil. Ele chegou aqui nos anos 40, vindo dos Estados Unidos, num processo de “modernização” deflagrado por Pompeu de Souza, do Diário Carioca. Vocações literárias e evocações filosóficas foram substituídas por uma narrativa simples e linguagem empobrecida. Pompeu de Souza recebeu, apropriadamente, o título, concedido por Nelson Rodrigues, de “pai dos idiotas da objetividade”.
Como resultado, o que se vê é que o cidadão brasileiro presencia regularmente, com seus próprios olhos e ouvidos, a publicação de insultos, ataques pessoais, intrigas, falsidades, invenções, erros de fato e mentiras puras e simples. A “ditabranda” da Folha, vista com lupa, insere-se aí. São óbvios os laços que unem o ódio da direita na América Latina diante da franca ascensão da democracia progressista na região. O neologismo apenas expressou uma plataforma política latente, sempre recorrente quando os caminhos democráticos começam a ser pavimentados. Mais uma vez, a legião de “economistas”, “comentaristas”, politicólogos, provocadores e demagogos em geral que vive à sombra das oligarquias cumpre o seu papel histórico de erguer barricadas contra o progresso.
Apoio da Folha ao golpe
Mas a democracia está contra eles. O progresso está contra eles. A verdade está contra eles. Suas má-criações os fazem figuras subqualificadas e desmascaram o título de escolhidos para restaurar a ordem e a moralidade públicas. Na verdade, em nome dessas bandeiras o que se vê é o mesmo histórico amontoado de asneiras, meias-verdades e mentiras pela boca de pessoas que se julgam mais sábias do que todos.
Lembre-se que eles tentaram manter o presidente Luis Inácio Lula da Silva “sub judice” a fim de criar as condições para dar o bote. Esse poderoso braço do tráfico de informações da direita sonha em reviver cenas que predominavam no início da década de 60. Os métodos da direita magnetizada pela coesão que emana de clãs minúsculos estão de volta. São as mesmas faces, tangendo velhíssimos ideais. Recorde que o título do editorial do jornal Correio da Manhã que circulou no dia 31 de março de 1964 sintetizou numa palavra o desejo da elite brasileira naquele dia: ”Basta!”. No dia seguinte, 1º de abril, o jornal repetiu a dose: ”Fora!”.
A “grande imprensa” vinha entoando um coro muito bem afinado contra o governo do presidente João Goulart e incitando o golpe. A Folha do dia 27 de março de 1964, em editorial intitulado ”Até quando?”, indagou: ”Até quando as forças responsáveis deste país, as que encarnam os ideais e os princípios da democracia, assistirão passivamente ao sistemático, obstinado e agora já claramente declarado empenho capitaneado pelo presidente da República de destruir as instituições democráticas?”
Interesses terrenos
O jornal O Estado de S. Paulo do dia 14 de março de 1964 disse: ”(…) Depois do que se passou na Praça Cristiano Ottoni (…), após a leitura dos decretos presidenciais que violam a lei, não tem mais sentido falar-se em legalidade democrática, como coisa existente.” No dia anterior, cerca de duzentas mil pessoas participaram do famoso comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, no qual foi anunciado que o presidente acabara de assinar, no Palácio das Laranjeiras, o Decreto da Supra (Superintendência da Política Agrária), que propunha um plano de desapropriação dos latifúndios improdutivos acima de 500 hectares, por interesse social. O presidente mexeu num vespeiro.
No dia 19 de março de 1964 — dia de São José, padroeiro da família — mulheres ricas paulistas lideraram a ”Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, incitando o golpe militar. Em nome da família, de Deus e da liberdade o movimento estava defendendo os interesses terrenos dos latifundiários, banqueiros e industriais. No dia seguinte, o jornal O Globo comentou: ”Sirva o acontecimento para mostrar aos que pensam em desviar o Brasil de seu caminho normal, apresentando-lhe soluções contrárias ao ideal democrático e ensejando a tomada do poder pelos comunistas, que o povo brasileiro jamais concordará em perder a liberdade, nem assistirá de braços cruzados aos sacrifícios das instituições.”
Qual a diferença dos editoriais de hoje em dia? A “ditabranda” da Folha tem como fio condutor, que perpassa e une esses tempos históricos, e um dos pontos de partida de sua pauta ideológica os ideais do Partido Republicano Paulista (PRP), que representava os fazendeiros de São Paulo após a proclamação da República. Apesar da distância no tempo, e da forma diferente de apresentação das propostas, as idéias do PRP não são estranhas às da Folha.
O fator humano
A marca da mídia à brasileira é exatamente a ojeriza ao pensamento avançado, humanista. A cada dia ela nos apresenta exemplos dos mais edificantes, como o desse neologismo infeliz. Sempre há uma teoria. Mas são teorias do que seria-se-fosse, baseadas em características e fenômenos de um país que eles imaginam, muito diverso do país real. Equacionar, operar, extirpar e outros vocábulos os embalam em seus cálculos frios. São fantasias e fantasmagorias que não se destinam a descobrir, orientar, provar, mas… Se destinam a que precisamente? A sofismar, a mistificar e mitificar, a ludibriar.
Qualquer que seja o problema, por mais complexo e multiforme, não lhes faltam engenho e arte para transformá-lo em gráficos e diagramas para dar-lhe denominação própria e original. Mas não lhe dão especificidade, ou não querem lembrar que informar e analisar requer arte e ciência, essencialmente ligadas ao homem. Nenhum resultado se pode esperar de informações e análises que eliminam o fator humano.
Pastel de vento
Nessa pregação golpista, o delírio teorizante atinge o auge. Como a presunção é o traço mais evidente, eles insistem no diagramar, no cronogramar, no organogramar, no topogramar para ver se com o inusitado da linguagem obtêm crédito. Pensam que podem vencer pelo choque, pelo cansaço do prolixo. Pode-se dizer que é uma mídia nominalista. Se a realidade — onde coisas e fenômenos estão há muito nominados — não corresponde às análises, muda-se o nome das coisas e fenômenos.
Pois saibam os que não sabiam que esse gosto pelo nome dos senhores de sua semântica esvazia o conteúdo das informações para pôr no lugar palavras ocas como esse neologismo da Folha. Ditadura vira “ditabranda”. Como alguém lembrou, vazio igual só o daqueles pastéis que a velhinha vendia na feira, apregoando: “Pastéis de camarão!”.
O comprador se aproxima, pega um, paga. Na hora de comer, diz: “Mas, minha senhora, não achei camarão nenhum!” Ela responde: “O senhor sabe como é, uns gostam, outros não gostam, uns podem, outros não, por isso não ponho.” São pastéis de vento, ou vento de pastéis. E como eles inventam nomes com facilidade, suas explicações se encaixam naquele tipo de resposta que se dá às crianças de certa idade que não perguntam para saber, mas pelo perguntar.
Desabafo do leitor
Muitas vezes essas falsificações são imposições a jornalistas, massacrados pela ditadura dos donos do poder, que sequer têm tempo de estudar as leis e meditar sobre os problemas nacionais, de auscultar o coração do povo, de ler e entender os processos sociais. Muitos nem foram formados neste espírito e, em terra de batráquio, precisam se agachar para não ser atingido pela língua do sapo. Desrespeitam abertamente a Constituição e outras cartas — esquecendo-se que Ruy Barbosa deixou escrito que a Constituição não é roupa que se recorte para ajustá-la às medidas deste ou daquele interesse.
A conseqüência, na vida real, é, para muitos, a perda de rumo, de oportunidades e eventualmente da própria perspectiva. Há algum tempo, a Folha publicou uma sugestiva carta de um leitor. “Desculpe, mas acabou a minha capacidade de absorver só notícias negativas. A Folha há muito deixou de praticar um jornalismo investigativo e entrou firme no jornalismo denunciativo, que não leva a nada”, disse ele. O leitor estava comunicando a perda da paciência com um determinado tipo de jornalismo. Ele não é o único nem a Folha a única publicação a colocar como prioridade de sua estratégia editorial a busca do pior em tudo.
O caráter do jornalista
Topar tudo para conseguir uma “notícia” impactante tem um perverso efeito colateral: a corrosão do caráter do jornalista. Um jovem que chegue a uma redação e seja confrontado com a realidade cotidiana de trapaças de variadas espécies para a obtenção de notícias — mentiras sobre a natureza da reportagem para conseguir entrevistas e gravadores escondidos para colher flagrantes, para ficar apenas em dois exemplos — é rápida e inevitavelmente engolfado pela frouxidão dos valores.
Vemos, por exemplo, no jornalismo da “grande imprensa” gente como Diogo Mainardi — é rigorasamente apenas um exemplo, visto que muita gente como ele faz o mesmo em outros veículos —, que em sua coluna na revista Veja insulta o presidente Lula com a mesma virulência de David Nasser, na antiga revista O Cruzeiro, contra João Goulart e Leonel Brizola. Pela falta de educação e respeito, Nasser acabou levando dois bons socos do então governador gaúcho no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.
Como diria Nelson Rodrigues, “um paralelepípedo analfabeto, uma cabra vadia ou um bode de charrete” saberia que isso não é bom jornalismo. Nelson Rodrigues usou essas palavras para ironizar, em 1968, um debate que se estabeleceu na mídia sobre o seguinte tema: era melhor ou pior a introdução da TV em cores no Brasil? Como se vê, há toda uma tradição brasileira quanto a esse gênero de coisas. Os grupos de mídia no Brasil ganharam o poder e o status de hoje no submundo da ditadura militar.
Sermão da Sexagenária
Tudo isso prova um fato: o Brasil de mentira é o que se paralisa nas crises apocalípticas anunciadas por velhos coveiros e propaladas nas manchetes e editoriais dos jornais. O Brasil de verdade é o que, a despeito de seus imensos problemas, deixou de ser uma piada. Podemos, nesse vazio de inteligência da mídia, nos consolar com as palavras do Padre Vieira, no Sermão da Sexagésima, onde se vê a causa de o povo não acreditar nessa pregação recheada de ameaças, uma discurseira que põe palavras onde faltam idéias.
Lá se diz: “As razões não hão de ser enxertadas, hão de ser nascidas. O pregar não é recitar. As razões próprias nascem do entendimento, as alheias vão pegadas à memória, e os homens não se convencem pela memória, senão pelo entendimento. (…) O que sai da boca, pára nos ouvidos, o que nasce do juízo, penetra e convence o entendimento.”
Aspectos da China contemporânea
Osvaldo Bertolino *
A passagem dos 30 anos de reforma e abertura da China foi muito pouco comentada no Brasil. Meu entendimento é que isso se deve ao cerco que a mídia promove sobre qualquer assunto afeito ao progresso social. A China, com suas complexidades e peculiaridades
Foi assim que um seminário sobre o assunto, promovido pelo Instituto Brasileiro da China e Ásia-Pacífico no Rio de Janeiro, praticamente não apareceu no noticiário. Dada a importância do evento e o significado destes 30 anos de reforma e abertura da China, resgato alguns aspectos da China contemporânea — com a inestimável fonte informações que é a China Rádio Internacional.
Os participantes do seminário avaliaram que a política de reforma e abertura criada por Deng Xiaoping não só trouxe desenvolvimento rápido para a China, mas também deu uma contribuição significativa ao desenvolvimento da humanidade e do mundo. O diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, afirmou que o conceito de construção do socialismo com características chinesas apresentado por Deng Xiaoping indicou o caminho correto de desenvolvimento do país, trazendo para a China êxitos notáveis em um período curto de 30 anos. Ele acrescentou que, desde o início da prática de reforma e abertura, 250 milhões de chineses se livraram da pobreza, ocupando 2/3 da população que saiu da pobreza no mundo, o que foi uma grande contribuição para toda a humanidade.
O diretor do Instituto Brasileiro da China e Ásia-Pacífico, Severino Bezerra Cabral Filho, disse que a política de reforma e abertura dirigida por Deng Xiaoping foi a reforma política, econômica e social mais importante do mundo nos últimos 30 anos. Cabral Filho também destacou que, neste processo, a China tomou uma atitude programática e não imitou o modelo de desenvolvimento dos Estados Unidos e de países do Leste Europeu, mas explorou um caminho que atendia à sua própria situação — mantendo o rápido desenvolvimento econômico e a estabilidade social. Segundo ele, estudar este ”fenômeno chinês” tem um importante significado para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil e de outros países “em desenvolvimento”.
Um aspecto que merece observação especial é a acelerando do ritmo de urbanização chinês. De acordo com os dados oficiais, a superfície urbanizada da China subiu de 17,9% para 50% do território nacional. Durante este processo, as metrópoles que mais brilharam foram Beijing, Shanghai e Shenzhen. Xi´na — esta última a cidade com maior dificuldade na industrialização por causa do seu grande número de patrimônios culturais, conseguiu encontrar seu próprio modelo industrialização. A China possui oito famosas capitais antigas.
Princípios de política externa
Outro fenômeno chinês de grande relevância é a definição dos princípios de sua política externa. ”A China persistirá na via de desenvolvimento pacífico. Esta é uma opção estratégica feita pelo governo e pelo povo da China, de acordo com a tendência de desenvolvimento da nossa era e os próprios interesses fundamentais. A China é uma nação amante da paz e uma força sempre firme na defesa da paz mundial”, disse o presidente chinês, Hu Jintao, no 17º Congresso Nacional do Partido Comunista da China realizado em 2007.
Ele reiterou que a persistência na via de desenvolvimento pacífico constitui uma política inabalável para a China. Segundo Hu Jintao, trata-se de um compromisso fundamentado nos interesses da nação chinesa e do mundo. Trata-se uma definição decorrente do contexto da segunda metade do século passado, quando o mundo estava no período da Guerra Fria e a China não podia evitar as suas influências.
Cooperações com o exterior
A falta de um ambiente pacífico, tanto dentro como fora das fronteiras, impossibilitava o desenvolvimento nacional. A China de então era um país de economia atrasada, debilitado e empobrecido, que enfrentava grandes desafios à sua subsistência e ao seu progresso. Foi assim que o país começou a revisar suas políticas e reavaliar as relações com o mundo, além de considerar o futuro do país e tomar uma decisão histórica — 3ª Sessão Plenária do 11º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês realizada em 1978 definiu o modelo de crescimento e o desenvolvimento pacífico tornou-se parte da estratégia nacional.
O desenvolvimento pacífico significa buscar um ambiente internacional de paz em benefício do próprio desenvolvimento e defender a paz mundial com o desenvolvimento nacional. Durante este período, a China dedicou-se à construção econômica nacional, ao estabelecimento das cooperações com o exterior e ao melhoramento do ambiente externo. Como exemplo disso, a China vem promovendo as relações com os principais países e regiões, aprofundando o conhecimento e os intercâmbios com o Ocidente e mantendo a estabilidade do vínculo com as grandes nações.
O desenvolvimento melhora a vida dos chineses, aumenta o poderio e a importância internacional da China e traz oportunidades para o mundo. A China em desenvolvimento está dando suas contribuições para a paz mundial. Em assuntos como o Iraque, os conflitos palestino-israelenses, Kosovo, a questão nuclear da Península Coreana e o problema energético iraniano, entre outras importantes questões internacionais, a China desempenha um elevado papel de intermediação.
Enormes benefícios internos
Todo esse arcabouço teórico trouxe enormes benefícios internos. Um deles foi um deles é o salto educacional. Ao enumerar os principais eventos que afetaram a China nas últimas três décadas, a maioria dos chineses colocou o Exame Nacional para Entrada na Faculdade (Gaokao, em chinês) em primeiro lugar da lista. Em dezembro de 1977, 5,7 milhões de chineses participaram do exame nacional, o primeiro do tipo desde o começo da catastrófica Revolução Cultural (1966-1976).
Nos últimos 30 anos, milhões de estudantes graduaram-se de instituições de ensino superior de vários tipos, para formar uma força de trabalho de alta qualidade. De acordo com dados oficiais, as instituições de ensino superior chineses inscreveram cerca de 53,86 milhões de estudantes nas últimas três décadas, dos 128 milhões de participantes do Gaokao. Ao mesmo tempo, o governo fez grande esforços para desenvolver a educação obrigatória e a ocupacional, com a finalidade de melhorar a qualidade de todos os cidadãos.
Educação nas áreas rurais
Nos últimos 30 anos, mais de 100 milhões de estudantes formaram-se nas escolas ocupacionais de diferentes tipos. Em 2007, as escolas profissionais contavam com 80 milhões de estudantes. Até 2000, a China alcançou sua meta de garantir a educação obrigatória para as crianças e eliminar o analfabetismo entre os jovens e cidadãos de média idade. O grande sucesso nas reformas econômicas ajudou o desenvolvimento da educação no país.
Com recursos financeiros suficientes, o governo chinês passou a aumentar o investimento na educação e adotar políticas mais favoráveis, com a maior importância dada à educação nas áreas rurais. Em 2003, um programa de ensino à distância foi lançado para cobrir 360 mil escolas primárias e secundárias rurais, beneficiando mais de 100 milhões de estudantes. Em 2004, o governo central investiu 10 bilhões de yuans (US$ 1,45 bilhão) para construir mais de 8,3 mil internatos nas áreas rurais.
Em 2006, a China emendou sua Lei de Educação Obrigatória para isentar os estudantes primários e os estudantes nos primeiros três anos do ensino secundário de taxa de matrícula e outras taxas administrativas. A medida foi adotada primeiro nas áreais rurais do oeste do país, região menos desenvolvida, em 2006, e ampliado para o país inteiro em 2007.
A meta de “Educação par Todos”
Além de fazer grandes esforços para alcançar sua meta de ”Educação para Todos”, o governo chinês também tem encorajado estudantes chineses a estudar no exterior. O número subiu de 860 em 1978 para 144,5 mil em 2007. Até o momento, 319,7 mil estudantes chineses voltaram ao país após terem terminado o estudo em outros países.
A China também abriu suas portas a estudantes de fora. Nos últimos 30 anos, 1,23 milhões de mais de 180 países e regiões estudaram em instituições de ensino chinesas.
Até o momento, a China assinou acordos de cooperação e intercâmbio educacionais com 188 países e regiões. O país asiático e 33 países e regiões firmaram acordos de reconhecimento mútuo de diplomas. Com o sucesso da reforma e um maior prestígio internacional do país, o chinês tornou-se um idioma atrativo e útil para os estrangeiros. Até agora, o número de estrangeiros que estudam chinês ultrapassou 30 milhões.
No campo, o país também passa por uma revolução. Entre a população chinesa de 1,3 bilhão, mais de 800 milhões vivem no campo rural. Sendo assim, o governo chinês prioriza a produção agrícola e a elevação do nível de vida dos camponeses. A informatização no campo rural chinês prioriza que os camponeses dominem a tecnologia e informações, a fim de melhorar a produção e administração. Nos próximos cinco anos, a China investirá um bilhão de yuans (cerca de 250 milhões de reais) ao campo rural, destinado à infra-estrutura de informações e formação de técnicos.
A construção da indústria básica e da infra-estrutura também foi reforçada de forma significativa, dando um suporte crescente ao desenvolvimento econômico e social do país. Entre 1979 e 2007, os capitais destinados aos dois setores somaram aproximadamente 30 trilhões de yuans, representando 38% do total dos investimentos no país. Um grande número de projetos essenciais como transmissão de gás natural oeste-leste, transmissão de água sul-norte e reflorestamento de terras de cultivo foram concluídos ou seguem em ritmo acelerado.
A produtividade da indústria de base e o nível infra-estrutural da China aumentou significativamente. A capacidade de abastecimento da agricultura, energia e matérias-primas subiu para um novo patamar. Foram criadas redes de transporte e telecomunicações que cobrem todo o país. As instalações de educação, cultura, educação e esporte também tiveram aprimoramentos. Tudo somado, pode-se dizer que a China hoje é um exemplo de como uma sociedade pode se desenvolver de forma democrática e harmoniosa.